A questão da autonomia do estudante no m-learning

Resumo

A autonomia do estudante é uma questão central nas teorias educacionais que abordam a temática da autodeterminação nos processos de ensino-aprendizagem. Tais teorias têm sido amplamente utilizadas para lastrear investigações acadêmicas sobre m-learning. Entretanto, a análise de revisões sistemáticas da literatura revela, por um lado, uma escassez de trabalhos especificamente focados na autonomia do aprendiz (ainda que esta seja tomada, tacitamente, como indispensável) e, por outro, constata-se uma abordagem reducionista da autonomia (circunscrita unicamente à psicologia). Diante disso, este estudo tem por objetivo apresentar e discutir a questão da autonomia do estudante, para além do âmbito psicológico, enfocando, especialmente, a dimensão política dos processos de aprendizagem autodeterminada que se desenvolvem no m-learning (em particular, no paradigma proposto por John Traxler, denominado Mobile Learning 2.0). Assumiram-se como referenciais teóricos os trabalhos de Peters e de Benson e Voller, no que concerne à problemática da autonomia em educação, e os estudos de Traxler, no que diz respeito aos conceitos e questões-chave do m-learning, bem como ao tratamento destes no campo político. Como estratégia metodológica adotou-se uma abordagem qualitativa crítica, como estabelecida por Denzin. Dentre as análises resultantes deste estudo, merece destaque a forte influência de pressupostos determinísticos quanto à defesa da inserção de tecnologias digitais na educação. Esta concepção determinística, por sua vez, favorece a aceitação aligeirada e/ou acrítica de tecnologias no âmbito educacional, com o risco de promover a alienação dos estudantes, e não a integração social, com autonomia intelectual e política, tal como preconizada no paradigma proposto por Traxler.