O ROMANCE HISTÓRICO E BIOGRÁFICO DE ANA MIRANDA

Eunice de Morais

Resumo


Neste artigo, pretendemos discutir a ideia de que o caráter nacionalista dos romances históricos tradicionais permanece, porém a função revisionista da apropriação do discurso histórico, com finalidade didática e divulgadora de um ideal nacional passou a investir na revisitação crítica e reflexiva de antigos discursos, conforme observamos nos romances pós-modernos de Ana Miranda. Nos romances: Boca do inferno, A última quimera e Dias e Dias, através da revisitação da memória e do momento literário de cada poeta, há uma busca pela refiguração de uma condição nacional reemergente. Assim, no Boca do inferno, Gregório de Matos, no século XVII, revolta-se com as atitudes subservientes do Brasil em relação a Portugal, vivendo uma relação de amor e ódio com as duas pátrias, mas sendo ainda um sabiá em liberdade. Na narrativa de Dias e dias encontramos Gonçalves Dias, no século XIX, num contexto de luta pela afirmação da identidade brasileira diante da pátria-mãe, para isso é preciso superar a perda e suportar as limitações da gaiola nacionalista. De outro modo, em A última quimera, as reflexões sobre o canônico revelam uma crítica ao sistema histórico e literário brasileiro em franco reconhecimento da autonomia da literatura e da comunidade nacional brasileira que discute internamente seu processo de formação.O ROMANCE HISTÓRICO E BIOGRÁFICO DE ANA MIRANDA

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DOI: 10.3895/rl.v15n16.2351

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