Empregadas domésticas, máquinas e moral nos lares brasileiros

Elizabeth Bortolaia Silva

Resumo


Este artigo explora os debates recentes sobre o crescimento do trabalho doméstico remunerado na Europa e nos EUA, com base numa reflexão sobre o caso do Brasil. O foco é sobre as relações de gênero, classe e raça envolvidas no uso de empregadas para o trabalho doméstico, nos padrões de consumo das tecnologias de utilidades domésticas e nas discussões morais sobre as divisões hierárquicas cotidianas dentro do lar. O artigo considera conexões importantes entre o contexto brasileiro e o de países mais desenvolvidos, bem como as especificidades do Brasil. Baseado em observação participante, dados secundários e estudos etnográficos, um rico painel de dados empíricos é traçado para discutir as dimensões materiais e morais do trabalho e dos cuidados domésticos. Como a disponibilidade de trabalho doméstico barato configura relações de desigualdade? A exploração do caso brasileiro esclarece alguns dos problemas, contradições e possíveis consequências do fato de lares ricos nos países desenvolvidos se beneficiarem do atual deslocamento de mulheres pobres por meio da imigração internacional. O artigo demonstra que, no Brasil, a tranferência das tensões entre mulheres e homens, na divisão do trabalho doméstico, para uma pessoa “subordinada” ’ tem afetado as relações de igualdade entre homens e mulheres e também os padrões de inovação tecnológica para facilitar o trabalho em casa. Estes efeitos devem ser contemplados nas discussões sobre as consequências das tendências correntes das relações envolvidas no fenômeno da “mulher globalizada” predominante na Europa e nos Estados Unidos.

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DOI: 10.3895/rts.v6n10.2548

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