Quando o subalterno deseja falar: o escravo e a história revista em A Gloriosa Família, de Pepetela

Isabelita Maria Crossariol

Resumo


A partir do questionamento levantado por Gayatri Spivak em “Can the subaltern speak?”, o ensaio busca refletir sobre o valor que o discurso do narrador (um escravo mudo e analfabeto) assume no romance A Gloriosa Família: o tempo dos flamengos, de Pepetela. Na obra em questão, o escritor angolano parte de um fragmento da obra História geral das guerras angolanas – escrito pelo historiador português António de Oliveira Cadornega no século XVII, e que aborda tanto os sete anos de disputa entre portugueses e holandeses (de 1642 a 1648) pelo controle do comércio de escravos, como o envolvimento de Baltazar Van Dum nesse processo – para questionar uma versão tida como oficial da história, mas que considerou apenas os grandes feitos portugueses. É, então, a partir das lacunas deixadas pela obra de Cadornega que o escravo-narrador proporá uma versão alternativa para essa história, na qual estarão incluídos não apenas fatos menos gloriosos envolvendo a família de Baltazar e as disputas entre portugueses e holandeses, mas também personagens silenciadas pelo discurso ocidental. Como apoio teórico para as reflexões, foram tomados ensaios e obras da teoria pós-colonial, produzidos por autores como Homi Bhabha, Stuart Hall e Ana Mafalda Leite.

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DOI: 10.3895/rl.v0n11.2439

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