Representações do monstruoso nas narrativas de Frankenstein e Blade Runner
Resumo
A proposta deste artigo, que é um estudo qualitativo e interpretativo, é trazer à discussão algumas representações do monstruoso que aparecem nas artes (literatura e cinema) sob a perspectiva discursiva, representações essas que remetem ao não humano, a partir da análise de alguns recortes discursivos selecionados de duas obras artísticas: a primeira, o romance Frankenstein, um marco na literatura gótica, que continua sendo lido e adaptado para outras linguagens até nossos dias; e a segunda, Blade Runner, filme dos anos 80, que foi um dos pioneiros na construção do “monstro androide”. Nosso estudo busca analisá-los à luz dos estudos do discurso em articulação com a teoria do pós-humano e com o conceito do “estranho familiar” da psicanálise freudiana. Esse estudo procurar relacionar os seres que povoam nossa imaginação a novas formas de subjetivação, que lidam com os agenciamentos entre tecnologias, máquinas e outros seres e objetos. Analisamos algumas representações que emergem do corpus discursivo, a fim de debater como tais imagens confrontam-se (ou não) com a centralidade buscada pelos humanos nesses possíveis agenciamentos e questionar como o imaginário do não humano (representado nas narrativas analisadas pelo monstro de Frankenstein ou o androide de Blade Runner) reforça o que é diferente, não especular ao humano, como algo que é monstruoso e que deve ser eliminado de nossa subjetividade. Os resultados de análise sugerem que o homem tem criado narrativas nas artes em que deseja ser único e central nos processos de agenciamento da subjetividade, em oposição a aceitar ser apenas um componente dos agenciamentos com outros elementos de natureza diversa.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFDOI: 10.3895/rl.v23n41.13152
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2021 CC Atribuição 4.0
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.