Literariedade e julgamentos de valor: Algumas questões sobre a literatura na contemporaneidade
Resumo
As manifestações culturais na contemporaneidade apresentam uma fusão da chamada alta cultura com a cultura popular; o mesmo ocorre com a alta literatura e a literatura marginal, onde não há praticamente uma linha distintiva. Diferentes formas de arte adotam o processo de recriar e reinventar como uma forma de apropriação há muito tempo; por exemplo, “Eneida” e “Ulisses” apropriam-se da “Odisseia”, segundo Gérard Genette. No cinema, no teatro, na música, são também imbricadas essas relações intertextuais e quando se amalgamam vão além e se configuram como intermediáticas. No caso da literatura contemporânea (ou pós-moderna), são utilizados elementos do passado – no caso do estudo apresentado, mashups oriundos sobretudo dos cânones literários da modernidade dos séculos XVIII e XIX – para compor suas narrativas, através do pastiche e da paródia, entre outros recursos de adaptação / apropriação. Além disso, essa literatura utiliza uma série de ora excisões ora (bri)colagens oriundas da cultura pop e recortes literais de outros textos (o que é denominado sampling, termo utilizado originalmente na área da música, onde artistas utilizam trechos de canções alheias em suas próprias canções). Diante desse cenário, cabe à teoria literária problematizar as questões da poética atual, sobretudo ao que diz respeito a julgamentos de valor. Qual o valor da poética contemporânea em relação ao cânone? Esse artigo propõe algumas reflexões a esse respeito, lançando mão de algumas proposições de cunho teórico, partindo do formalismo russo e dialogando com estudos da comunicação, a fim de apontar trilhas reflexivas sobre o valor da literatura, destacando o pensamento de Terry Eagleton, Antoine Compagnon e Jonathan Culler.
Palavras-chave
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PDFDOI: 10.3895/rl.v23n42.10985
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