Dom Casmurro: o discurso da certeza e da dúvida

Angela Maria Rubel Fanini, Selma Suely Teixeira

Resumo


O artigo "Dom Casmurro: o discurso da certeza e da dúvida" analisa o romance DOM CASMURRO, do escritor realista Machado de Assis, publicado em 1900. O romance em questão tem sido considerado, desde sua publicação, o mais ambíguo da literatura brasileira e muito se tem escrito sobre ele. Seduzidas pela linguagem e cosmovisão machadiana, resolvemos mergulhar nesse universo a fim de deslindar-lhe os mistérios, principalmente aquele sobre o qual muitos se têm debruçado: Capitu: inocente ou culpada? A análise da obra levou-nos a perceber que Machado trata tanto as situações nacionais (escola, igreja, economia oitocentistas brasileiras) quanto as universais (amor, traição, hipocrisia) a partir de uma concepção de mundo dada pelo prisma da ironia e do relativismo. Estes desautorizam a formalização de situações conclusivas, definidas e inquestionáveis. Assim sendo, a questão antiga e nova sobre a culpabilidade ou inocência de Capitu não se resolve facilmente, porque o discurso que se cria é relativo e não absoluto. A dúvida, portanto, permanece, intocada, insolúvel mesmo após várias releituras do texto. Este o grande sortilégio da obra machadiana: o enigma, a ambigüidade, a polissemia, gerados por um discurso que é, ao mesmo tempo, dúvida e certeza.


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