ACTIO, Curitiba, v. 4, n. 2, p. 109-126, mai./ago. 2019.
Um ensino de Matemática que valorize a Educação Matemática Crítica deve
fornecer aos estudantes instrumentos que os auxiliem, tanto na análise de
uma situação crítica quanto na busca por alternativas para resolver a
situação. Nesse sentido, deve-se não somente ensinar aos alunos a usar
modelos matemáticos, mas antes levá-los a questionar o porquê, como, para
quê e quando utilizá-los (PAIVA; SÁ, 2011, p. 1).
Como resposta à necessidade de mudanças no ensino de Matemática surgiu,
na década de 1980, um grupo de possibilidades que ficou conhecido como
Tendências em Educação Matemática. Almeida e Pimenta (2014) advertem que
mesmo sendo pesquisadas há mais de duas décadas, elas ainda são pouco
utilizadas. Os autores citam a predominância de uma educação bancária, na qual
os conteúdos são apenas depositados em sala de aula e defendem a necessidade
de uma nova postura por parte de professores, que permita que “o aluno tenha
condições de aprender mais e melhor e que esse aprendizado tenha reflexões em
suas opções diárias de consumo” (ALMEIDA; PIMENTA, 2014, p. 154).
Lopes e Borba (1994) já mencionavam a necessidade de uma nova postura,
citando que a escola precisa preparar o aluno para atuação em sociedade, levando-
o à reflexão e ação. Os autores citam a Educação Matemática Crítica de Skovsmose
como uma opção para que a Matemática impulsione transformações sociais.
Uma forma de aproximação da Matemática com o cotidiano se dá pelo uso
da Modelagem Matemática. De acordo com Lopes e Borba (1994, p. 55) a
Modelagem Matemática “é uma tentativa de traduzir um problema surgido no
mundo real para a linguagem matemática, como forma de resolvê-lo com maior
precisão possível”.
A modelagem consiste, essencialmente, na arte de transformar situações da
realidade em problemas matemáticos cujas soluções devem ser interpretadas
na linguagem usual, além disso, possibilita ao professor trabalhar com
projetos cujo tema veio de uma situação, de um problema real, busca
entender refletir sobre uma porção dessa realidade, tenta explicar, ou mesmo
agir sobre ela, usando informações ou dados que provêm da própria realidade
dos alunos (ALMEIDA; PIMENTA, 2014, p. 158).
A Modelagem Matemática tem como característica principal a utilização de
uma situação inicial “não matemática” para exploração em sala de aula. Para que
essa situação possa ser escolhida, é necessário que o professor leve em
consideração o contexto dos alunos. A partir da escolha do tema a situação é
transformada em linguagem matemática e os resultados encontrados servem de
norte para que os alunos reflitam sobre o tema estudado. Lui e Machado (2009)
apontam a interdisciplinaridade como característica intrínseca a esses processos.
Além de possibilitar interdisciplinaridade nas aulas de Matemática, a
Modelagem pode ser utilizada durantes aulas de outras disciplinas. Na Física, por
exemplo, ela é utilizada para que situações da natureza possam ser representadas
por meio de fórmulas ou gráficos. Moutinho (2007), em uma pesquisa que buscou
unir a abordagem CTS e a Modelagem Matemática como metodologia para o
ensino de Física, aponta que a utilização da Modelagem proporciona a descrição,
a análise e a interpretação dos fenômenos naturais, repercutindo em novas
reflexões sobre a aprendizagem.
Ainda como alternativa de metodologia inovadora para o ensino da
Matemática, a Resolução de Problemas é uma possibilidade bastante difundida,