ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 2, p. 173-194, mai./ago. 2018.
INTRODUÇÃO
O presente estudo é resultado de uma pesquisa de mestrado defendida em
um programa de pós-graduação em educação para a Ciência de uma universidade
pública do estado do Paraná, Brasil. Na oportunidade foi investigado o processo
pelo qual professores de Biologia se apropriam das analogias como forma de
utilizá-las como elementos da transformação de saberes eruditos em saberes
escolares. A teoria de saberes que embasou o estudo foi a da Transposição Didática
de Chevallard (2005). Segundo o autor, os saberes escolares não são os mesmos
saberes que são difundidos nas universidades e centros científicos, pois no
processo de transposição didática os saberes necessariamente passam por
simplificações. Dentre os objetivos da pesquisa resgatamos o seguinte: identificar
as concepções dos professores quanto a sua compreensão sobre as analogias. Os
resultados obtidos por meio desta busca foram essenciais para a compreensão do
papel das analogias na transposição dos saberes. Assim, este estudo é um recorte
de uma pesquisa maior que traz reflexões de um professor de Biologia quanto ao
uso das analogias como recurso didático.
Uma analogia segundo Glynn (1994), é uma comparação entre dois domínios
heterogêneos. Há sempre um domínio familiar que nominamos como analogia ou
conceito análogo e, um domínio não familiar nominado alvo ou conceito alvo. Aos
domínios familiares e não familiares chamaremos, nesta pesquisa, pelos termos
conceito análogo e conceito alvo, respectivamente.
As analogias no ensino de Biologia são compreendidas como comparações
explícitas. Outros recursos de linguagem, como as metáforas, são consideradas
comparações implícitas (LARA; GÓIS, 2012). As comparações realizadas por
analogias necessitam de conectores que relacionam um domínio ao outro. Estes
conectores são palavras, frases ou expressões como, por exemplo, as palavras:
semelhante; que nem; como; parecido; lembra; etc. Diferentemente de uma
analogia, uma metáfora caracteriza-se por uma comparação implícita entre dois
domínios na forma de uma afirmação. Um modelo é uma representação de um
fenômeno físico ou natural que ocorre no mundo real.
Essas diferenças entre as comparações explícitas e implícitas são reconhecidas
por pesquisadores que lançam mão do recurso analógico como objeto de pesquisa.
De igual modo, os pesquisadores atribuem diferentes expressões para descrevê-
las: figuras de linguagem, recursos didáticos, instrumentos, facilitadores na
compreensão de abstratos, dispositivos de linguagem, ferramenta, entre outros.
Segundo Lara e Góis (2012), as diferentes expressões adotadas podem ter sido
usadas como sinônimas pelos pesquisadores, entretanto, podem indicar diferentes
formas de como são compreendidas ou concebidas pelos alunos.
Compreendemos, para fins deste estudo, as analogias como recursos didáticos.
Verificar como o aluno interpreta as analogias utilizadas em sala de aula é
essencial para que o professor desenvolva estratégias orientadas para seu
trabalho. No entanto, não é apenas a concepção sobre as analogias dos alunos que
influencia o processo de aprendizagem de conceitos, mas também a concepção do
professor, uma vez que é o docente quem as utiliza como recursos didáticos.
O uso sistematizado de analogias para o ensino de conceitos científicos em
Ciências é fruto de pesquisas de diversos pesquisadores (CURTIS; REIGELUTH,
1984; GLYNN, 1994; HARRISSON; TREAGUST, 1994). Os autores entendem que se