ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 197-213, set./dez. 2018.
sobre as limitações e potencialidades da mesma no ensino de cada conteúdo. Um
exemplo comum do uso de analogias no ensino de Química está presente no
ensino de modelos atômicos.
O conteúdo curricular de modelos atômicos é abordado normalmente no
ensino médio a partir de diversas representações do átomo e os pensadores desses
modelos. O pensamento acerca da constituição da matéria teve origem na Grécia
antiga e desde então variados modelos atômicos surgiram. Entretanto, muitas
vezes a abordagem desse conteúdo se limita a mera apresentação dos modelos e
de seus atomistas, ou ainda, uma simplificação dos modelos às analogias, gerando
grande confusão no aprendizado dos estudantes.
Consideramos que seja fundamental uma discussão sobre as evidências que
cada atomista teve para propor seu modelo, bem como da exploração das
representações mentais dos estudantes, de modo que a compreensão dos alunos
não se limite apenas ao uso das analogias, mas que seja mais ampla no sentido de
compreender o modelo análogo a partir de um pensamento mais elaborado.
Dentre as dificuldades relacionadas ao ensino de modelos atômicos ressalta-
se a difícil abstração e assimilação por parte dos alunos. Essa dificuldade se dá pelo
fato do estudo sobre o átomo envolver o nível submicroscópico, ou seja, o átomo
é algo que não se pode tocar, nem visualizar. Por isso, Santos e Schnetzler (1997)
ressaltam que esse nível deveria ser ensinado através do uso de modelos
simplificados que são mais acessíveis a compreensão dos alunos, e esse estudo,
por sua vez, seria precedido por uma discussão acerca dos aspectos macroscópicos
das propriedades dos materiais e das transformações envolvidas.
Os modelos são entendidos, segundo Santana, Sarmento e Wartha (2011)
como imagens que são construídas para ajudar a entender a realidade, ou seja, é
necessário que haja relação dele com o que se quer ressaltar, bem como se deve
enfatizar que o modelo não é a cópia da realidade e sim apenas uma
representação, uma analogia. Portanto, essas representações são explicações
provisórias, cujas capacidades explicativas são maiores do que apenas com o uso
de analogias (SANTANA; SARMENTO; WARTHA, 2011).
As representações dos modelos atômicos podem contribuir para a construção
de uma imagem do que se quer estudar sobre o átomo, na imaginação dos alunos.
Por isso, considera-se que o uso de representações dos modelos atômicos pode
ter um grande potencial enquanto recurso didático, desde que sejam tomados
alguns cuidados que reafirmem a ideia do que significa um modelo e uma
representação para os alunos.
Além disso, consideramos também que a inserção de jogos didáticos em aulas
de Química pode estimular a participação e interesse dos estudantes, devido a seu
aspecto lúdico e de dinamização da aula, podendo auxiliá-los no aprendizado.
Segundo Kishimoto (1994), o jogo é considerado um tipo de atividade lúdica e
possui duas funções: a lúdica e a educativa, que devem estar em harmonia.
Segundo Moreira e colaboradores (2013, p.1389):
Os jogos educativos ou didáticos fornecem um meio para que a aula se torne
mais dinâmica. Com eles, os estudantes podem ir além da aprendizagem
convencional, centrado na teoria, interagindo com o contexto trabalhado.
Assim, seus pensamentos serão muito mais organizados, fundamentados e
amplos, aumentando a curiosidade e vontade de aprender.