ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 358-377, set./dez. 2018.
trabalho, que leciona em uma escola particular, preparou uma tarefa com tais
características e a aplicou como avaliação bimestral em uma turma de sétimo ano.
A seguir, são apresentadas algumas considerações sobre avaliação da
aprendizagem e a prova escrita.
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM – PROVA ESCRITA
Ao se tratar da temática avaliação escolar, volta-se os olhos ao professor,
suas crenças e posturas frente ao ato de avaliar. Baseando-se nos escritos por
Hoffman (1991), Hadji (2001) e Barlow (2006), pode-se comparar a avaliação nos
moldes atuais a um processo de julgamento, como nos tribunais, onde os alunos
são julgados, absolvidos ou condenados, diante das provas apresentadas a um juiz
autoritário. Barlow (2006) atenta aos mitos e ritos dentro do ambiente escolar,
Hoffman (1991, p. 27) aponta que os mitos são recorrentes das histórias e
experiências dos professores quando alunos, expostos a “práticas rotineiras e
automatizadas”. Para Buriasco, Ferreira e Ciani (2009, p. 70), ainda nos dias de hoje
se faz presente o mito de ver a avaliação como forma precisa de medir e classificar
os alunos, seguindo sempre o mesmo rito de avaliar, “aplicar uma prova ou um
teste escrito e converter as resoluções e respostas de cada estudante em um valor
numérico”.
Sabe-se que o principal e por vezes único instrumento de avaliação utilizado
pelos professores é a prova escrita. A prova escrita é classificada por Trevisan e
Mendes (2015) como uma proposta a ser resolvida individualmente, sem consulta
a nenhum tipo de material de apoio e com tempo limitado. Cabe ressaltar que,
embora haja uma devoção dos professores a utilizar a prova escrita, esta, por sua
vez, destaca apenas o erro dos alunos e não o que eles demonstram saber. Celeste
(2008), e Buriasco, Ferreira e Ciani (2009) ainda complementam que a prova
escrita, diante deste contexto, se limita ao não oferecer todas as respostas
necessárias aos processos de ensino e de aprendizagem, já Trevisan e Mendes
(2015) vão além, atentando que de fato:
[...] por si só, ela não promove as respostas necessárias para gerir e
compreender os processos de ensino e de aprendizagem, mas fornece a
produção escrita de cada estudante, que auxilia o agir do professor e do
estudante, em qualquer momento dos processos de ensino e de
aprendizagem (TREVISAN; MENDES, 2015, p. 49).
Diante do exposto, não se espera a extinção da prova escrita, mais sim, uma
“ressignificação” tal como afirma Trevisan e Mendes (2015, p. 54), “ressignificá-la,
no sentido de compreender a avaliação enquanto oportunidade de aprendizagem
tanto para o estudante quanto para o próprio professor”. Para Buriasco, Ferreira e
Ciani (2009, p. 77 - 78), o equívoco não é olhar para a prova escrita apenas como
instrumento de avaliação, e sim, deixar de vê-la “como um meio pelo qual se
podem obter informações a respeito de como se tem desenvolvido o processo de
aprendizagem dos estudantes”.
Para Celeste (2008), a produção fornecida pelos alunos através da prova
escrita, permite ao professor investigar a aprendizagem dos alunos, o ensino do
professor, o que acontece na sala de aula, quais as estratégias utilizadas pelos
alunos, e quais os erros cometidos por eles. Essa prática investigativa faz