ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 471-488, set./dez. 2018.
(VERTUAN, 2013). A descrição matemática da situação, nesse sentido, possibilita
atribuir significado matemático à organização da realidade, ou seja, a
matematização pode ser descrita como uma tradução de linguagens que permite
retratar a realidade por meio de regras, métodos e teorias matemáticas. A fase
matematização, de modo geral, evidencia técnicas e procedimentos matemáticos
a serem utilizados na fase de resolução.
A resolução é a fase que consiste na elaboração de um modelo matemático
com o objetivo de descrever e analisar aspectos relevantes da situação, responder
às questões e à problemática admitida na situação inicial, sendo possível, em
alguns casos, realizar previsões para o problema em foco.
Nessa fase o sujeito utiliza conceitos, técnicas, métodos e representações
matemáticas, põe em uso seus conhecimentos prévios, busca padrões,
recorre a ferramentas computacionais, coordena diferentes representações
dos objetos matemáticos, busca conhecer conceitos novos e ressignifica os já
conhecidos [...] (VERTUAN, 2013, p.35).
Nessa compreensão o modelo matemático, construído nessa fase, é
reconhecido como uma estrutura matemática que representa alguma coisa cuja
finalidade pode ser “prever o comportamento de um fenômeno, ser demonstrativo
de algo (como uma maquete), ter um fim pedagógico (auxiliar na ilustração de um
conceito), ser descritivo de algo, entre outras coisas” (ALMEIDA; SILVA; VERTUAN,
2013, p.13). Ao utilizar-se de um conjunto de símbolos e relações matemáticas,
que retratam de alguma forma a situação em estudo e direcionam para uma
solução para o problema advindo dessa situação é que o modelo matemático pode
ser evidenciado. Além de expor e explicar características matemáticas da situação,
o modelo matemático carrega características dela.
A obtenção do modelo, dessa forma, é sempre uma aproximação conveniente
da realidade analisada, mas que, segundo Bassanezi (1999), não garante a
resolução do problema, nem conclui uma verdade definitiva. Assim, se um modelo
não atinge a determinados objetivos ou é inadequado para representar a situação
em estudo, é natural a busca por novos caminhos que permitam construir outro
melhor ou analisá-lo admitindo como referência um modelo já conhecido.
Nesse sentido Veronez (2013), descreve que
a elaboração de modelos matemáticos não tem um fim em si mesma; visa
incentivar a busca por uma solução para o problema evidenciado na situação
inicial, alicerçada por atitudes interpretativas. Essa busca também conduz a
uma leitura da situação ou à retomada de alguns aspectos não considerados
em momento anterior. Além disso, no contexto de sala de aula, favorece
discussões sobre conceitos, notações e/ou procedimentos matemáticos
(p.24).
A autora deixa claro que a elaboração do modelo não garante a solução do
problema, mas que dela decorre a necessidade de interpretar as respostas e
verificar se esta satisfaz a situação inicial. Caso contrário, é necessário retomar a
situação e adotar outros possíveis encaminhamentos para a resolução do mesmo
problema.
Analisar a solução no contexto da situação inicial constitui um processo
avaliativo realizado pelos envolvidos com a atividade. Segundo Almeida, Silva e
Vertuan (2013), a fase caracterizada como interpretação de resultados e validação,