ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 271 -291, mai./ago. 2018.
séries, frequentemente acessadas pelo público alvo. A crescente popularidade do
site Netflix, um canal pelo qual diversas séries, desenhos e filmes são
disponibilizados, por um preço bem acessível por mês, torna a popularidade desse
tipo de artefato ainda maior. A série escolhida foi uma estadunidense, a qual está
em alta, com indicações ao Emmy - um outro tipo de premiação, semelhante ao
oscar, mas que premeia as demais mídias televisivas - e se trata de uma série
original Netflix. Dessa forma, a pesquisa foi feita no próprio site original da série.
A série em questão se intitula “Orange Is The New Black”, hoje com cinco
temporadas e eleita, por muitos sites e blogs, como uma das melhores dez séries
dos últimos tempos, o que confirma seu título de popularidade (além de pesquisas
sobre audiência, como uma publicada em uma matéria no site Uol, neste ano, que
mostra a série em sexto lugar
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). Além de ser bem conhecida, sua classificação
etária é para maiores de 16 anos, logo, ela se enquadra no público alvo desta
pesquisa. Outro ponto, muito crucial, é o fato de que a série aborda muitos temas
considerados como polêmicos/tabus, que estão intimamente relacionados aos
temas do presente artigo (sexualidade, corpo e gênero).
A série possui muito conteúdo em suas cinco temporadas, porém, o recorte
e delimitação do corpus para esse artigo envolve somente a primeira temporada,
por já ser suficiente e conter todos os temas a serem trabalhados a partir da AD,
em busca das possibilidades de construções de sentidos a partir de seu discurso.
Todos os trechos cujos sentidos, em nossa leitura, se filiam a sexualidade, corpo
ou gênero foram transcritos, fidedignamente, para posterior análise. Ao total,
noventa e sete trechos foram transcritos, dos treze episódios que compõem a
primeira temporada.
Para fins de análise, tais trechos foram agrupados nos temas “sexualidade”,
“corpo” e “gênero”, com o intuito de condensar o trabalho e também buscar
semelhanças ou diferenças nos discursos apresentados em diferentes momentos,
por diferentes personagens. Portanto, os trechos foram cruzados para essas
análises. Por se tratar apenas de um recorte de um trabalho maior, que traz a
análise de outros trechos do total identificado, o presente artigo contará com um
trecho somente, dentre todos que foram classificados, com sentidos que se filiam
à sexualidade, corpo e gênero. Ou seja, serão analisados três trechos, dentro da
totalidade (noventa e sete), um sobre corpo, outro sobre gênero e, por fim, um
sobre sexualidade.
Como possibilidade teórico-analítica para estudar os processos de
construção de sentidos acerca dos temas sexualidade, corpo e gênero, como já
citado ao decorrer do texto, a AD será o principal referencial desta pesquisa. Assim,
a AD parte da ideia de que os sentidos são produzidos durante um discurso, o qual
não existe sem um locutor, que por sua vez é um sujeito histórico (ORLANDI, 2003).
Logo, a AD será usada para a análise, por se tratar de uma análise de sentidos
construídos e constituídos em um discurso, o qual está inserido em um contexto
sócio-histórico repleto de ideologias, que também devem ser levados em
consideração. Tais pontos devem ser levados em consideração, principalmente ao
se analisar uma mídia, visto que o próprio termo já é bastante polissêmico, ou seja,
possibilita diversas construções de sentidos e significados. A esse respeito, o
simples fato de mais de uma pessoa construir uma notícia, no caso de um
telejornal, por exemplo, já carrega/agrega vários sentidos, desde a fonte, de quem
apresentou o fato, passando pela equipe responsável por montar as notícias, até