ACTIO, Curitiba, v. 4, n. 1, p. 46-62, jan./abr. 2019.
A entrevistada foi escolhida, por ser pesquisadora na área de Linguagem no
Ensino de Ciências e Análise de Discurso há mais de 10 anos, estar atuando como
professora na graduação, na Licenciatura em Ciências Biológicas, e na pós-
graduação em Educação Científica e Tecnológica, como orientadora de
mestrandos e doutorandos na área de Ensino de Ciências.
As questões da entrevista foram relacionadas ao histórico de pesquisa da
entrevistada dentro do Ensino de Ciências, bem como, sua trajetória acadêmica,
os avanços por ela observados nas pesquisas na área de Ensino de Ciências, as
linhas temáticas as quais se dedica em suas pesquisas, as tendências que ela tem
observado sobre as pesquisas no Ensino de Ciências nos últimos anos, a
constituição da linha temática que se dedica a pesquisar atualmente e a sua
contribuição nesse processo, além dos questionamentos quanto aos autores e
metodologias que utiliza como referenciais teóricos em suas pesquisas e a
contribuição da sua linha temática para o Ensino de Ciências.
A entrevista ocorreu por meio do aplicativo Skype, devido a distância de
residência da entrevistada e da entrevistadora. Contudo, isso não inibiu a livre
expressão de ambas, muito pelo contrário, uma vez que a entrevistada estava
falando sobre seu trabalho nos últimos anos, mostrou-se bastante interessada nas
questões, procurou contribuir da melhor forma com suas respostas e se
manifestou, a todo tempo, grata pelo fato de ter sido escolhida para fazer parte
deste trabalho.
Em relação a obtenção e registro dos dados, tal entrevista foi gravada em
áudio com o consentimento da entrevistada que relatou que não era necessário o
uso do anonimato na transcrição da entrevista para este artigo.
Os dados registrados em áudio foram transcritos e analisados de acordo com
técnicas e procedimentos da Análise de Discurso (AD) de linha francesa, proposta
por Michel Pêcheux, na França, e tem como principal norteadora no Brasil a
professora pesquisadora Eni Orlandi.
A Análise de Discurso, como seu próprio nome indica, não trata a língua, não
trata a gramática, embora todas estas coisas lhe interessem. Ela trata o
discurso. E a palavra discurso, etimologicamente, tem em si a ideia de curso,
de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assim palavra em
movimento, prática de linguagem: como o estudo do discurso observa o
homem falando. (ORLANDI, 2007, p. 15).
Ainda de acordo com a AD a fala em si não pode ser analisada, pois não
consiste em um discurso, ela precisa estar situada em uma posição que depende
de vários fatores como, por exemplo, o momento histórico, a posição do sujeito, a
ideologia, o dito e o não dito, as histórias de vida e leituras e a sociedade.
Nesse sentido, a partir dessa entrevista, teve início a construção do nosso
corpus de análise. De acordo com Charaudeau e Maingueneau (2008)
Nas ciências humanas e sociais mais particularmente, corpus designa o
conjunto de dados que servem de base para a descrição e análise de um
fenômeno. Nesse sentido, a questão da constituição do corpus é
determinante para a pesquisa, pois trata-se de, a partir de um conjunto
fechado e parcial, analisar um fenômeno mais vasto que essa amostra.
(CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2008, p. 137)
Ainda para essas autoras, em AD, assim como em outras Ciências Sociais,
geralmente é o corpus que define de fato o objeto de pesquisa, pois ele não é