ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 3, p. 86-107, set./dez. 2018.
Rennie e Jarvis (1995), no qual é solicitado ao aluno ou à aluna que desenhe uma
pessoa cientista e explique, no verso da folha, o seu desenho, para avaliação de
seus conhecimentos prévios. Na língua inglesa, quando se fala “scientist” não é
representado gênero masculino ou feminino, porém, quando falamos: desenhe
um cientista, o “um” representa o gênero masculino na frase e pode influenciar no
desenho dos/as alunos/as (CAVALLI, 2017). Devido a isso foi incluída a palavra
pessoa na questão, a fim de minimizar a imposição de gênero na pergunta. Em
seguida, foi realizada uma discussão com os alunos e alunas a respeito de seus
desenhos; 2) utilização de exemplos da história da ciência para dar visibilidade à
mulher na ciência, bem como a apresentação da presença feminina na ciência
atual; 3) por último, as alunas e alunos desenvolveram um texto em que
dissertavam a respeito do papel da mulher na ciência e sociedade (CAVALLI, 2017).
Devido à amplitude dos dados, nesse artigo nos aprofundamos a respeito das
percepções iniciais que as alunas e alunos possuíam no início da sequência didática
por meio da análise do teste DAST e a posterior discussão a respeito desse teste.
Foi utilizado o teste DAST, proposto por Chambers (1983) e adaptado por
Rennie e Jarvis (1995), no qual é solicitado ao aluno ou aluna que desenhe uma
pessoa cientista e em seguida pedido para que ele ou ela, no verso da folha,
explique o seu desenho. Rennie e Jarvis (1995) entendem que, ao adicionar frases
ou anotações em seus desenhos, é possível compreender melhor as visões
presentes nos mesmos (RENNIE; JARVIS, 1995). O teste baseia-se na percepção da
aluna e do aluno da profissão de cientista. Para tal, o professor ou professora pede
para que as alunas e os alunos desenhem uma pessoa cientista, sem detalhes de
como deve ser feito o desenho. Devido a isso, na aula foi solicitado aos alunos e às
alunas que desenhassem uma “pessoa” cientista (CAVALLI, 2017).
Chambers (1983) afirma que, principalmente para as crianças do ensino
fundamental, o teste por desenho expressa melhor sua realidade. Em face disto,
optamos por este teste, apesar de, durante o processo, muitos alunos e alunas
afirmarem ter dificuldade em desenhar.
Quinze alunos e alunas participaram do teste DAST e fizeram desenhos
relativos à profissão de cientista, sendo quatro meninas e onze meninos. Para
construir as unidades de análises, foram utilizados, de modo adaptado, tanto os
critérios identificados por Chambers (1983), como indicadores que surgiram da
análise dos próprios desenhos. Chambers (1983) ressalta os seguintes critérios
para as análises dos desenhos de um/a cientista:
(1) Jaleco (geralmente, mas não necessariamente branco). (2) Óculos. (3) O
crescimento facial do cabelo (incluindo barbas, bigodes ou costeletas
anormalmente longos). (4) Símbolos de pesquisa: instrumentos científicos e
equipamentos de laboratório de qualquer tipo. (5) Os símbolos de
conhecimento: principalmente livros e armários. (6) Tecnologia: os
"produtos" da ciência. (7) Subtítulos relevantes: fórmulas, classificação
taxonômica, o "eureka!" síndrome, etc. (CHAMBERS, 1983, p. 258).
A partir desses indicadores de características, pela análise dos desenhos e de
acordo com nosso objeto de pesquisa (investigar a percepção da mulher como
cientista), foram elaboradas as unidades de análise descritas no Quadro 1. Para a
identificação das alunas, utilizamos as letras Aa e, para os alunos, Ao e, em
sequência, o número conforme a ordem alfabética dos nomes. Após a análise dos
desenhos, apresentamos brevemente algumas falas que apareceram na etapa da