ACTIO, Curitiba, v. 3, n. 1, p. 184-204, jan./abr. 2018.
experiências, influenciaram a constituição de quem estes sujeitos se formaram e
estão se formando, e entendeu-se esse movimento de constituir-se, nessa
interação da pessoa e os contextos, e que tais contextos produzem identidades a
partir do sentidos e significados que cada indivíduo atribui ao que o acontece, ao
que o toca, ao que o forma e o transforma de alguma forma, produzindo assim
novas identidades.
Com relação ao Eixo 2: Trajetória da Educação Básica.
Para melhor compreensão da trajetória da Educação Básica dos licenciandos,
foi subdividido esse eixo em duas etapas: Ensino Fundamental e Ensino Médio.
Com relação ao Ensino Fundamental, o que emergiu das narrativas dos
licenciandos foi que eles tiveram marcas positivas e negativas de professores que
os influenciaram em sua formação. Sobre as positivas, alguns professores, em
especial, destacam-se aqueles que os ensinaram a gostarem de estudar, a
gostarem da disciplina de Matemática, e a quererem se tornar um professor de
Matemática. Pode-se verificar alguns desses aspectos na narrativa de
Perseverança (2016), quando relata que:
[Narrativa 3]: Na 8ª série tive a oportunidade de estudar com o Professor
Edvagner de matemática, a sua simplicidade, a forma com que ele dava aulas,
transmitia o conteúdo com mais clareza, de fácil entendimento, seu jeito de
vir até mim tirar minhas dúvidas a respeito do conteúdo, são pontos que me
fizeram despertar o interesse pela matemática e por ser um professor de
matemática. (PERSEVERANÇA, 2016)
Compreendeu-se que esse professor teve grande influência na formação de
Perseverança, despertando-lhe, inicialmente, o gosto pela Matemática e por ser
um professor de Matemática. Assim, acredita-se que esses são alguns
elementos/pistas de como a identidade desse licenciando começou a ser
constituída na escolaridade, na relação com o outro, neste caso, o professor.
Nesse movimento de compreender como o outro se constitui, verificou-se na
pesquisa, a partir das análises dos excertos, que emergem nas narrativas dos
licenciandos o elemento “influência do professor”, em seu processo de formação,
em que alguns evidenciam marcas negativas que ainda não foram ressignificadas,
e outros evidenciando marcas positivas que influenciaram a constituição de suas
identidades, bem como na direção de uma identidade docente sendo constituídas.
Essa construção pode ser compreendida, nas palavras de Nóvoa (1992), quando
evidencia que:
A identidade não é um dado adquirido, não é um produto. A identidade é um
lugar de lutas e conflitos, é um espaço de construção de maneiras de ser e
estar na profissão. Por isso, é mais adequado falar em processo identitário,
realçando a mescla dinâmica que caracteriza a maneira como cada um se
sente e se diz professor (NÓVOA, 1992, P. 10).
Nesse sentido, a pesquisa acredita que a constituição da identidade docente
passa por processos em que cada sujeito produz um sentido, um significado, e que
essa constituição se inicia na própria maneira como o sujeito se sente ou se diz
professor, conforme evidenciado pelo autor e expresso nas palavras da
licencianda, quando enuncia que sentiu a vontade de ser professora, ainda no
Ensino Fundamental, pelo fato de ver a maneira como era o seu próprio professor.