ELENCANDO PRINCÍPIOS PARA A PESQUISA ETNOGRÁFICA VIRTUAL EM EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Marcus Vinicius Santos Kucharski

Resumo


A pesquisa brasileira sobre EAD tem crescido exponencialmente desde 1996, quando a LDB abriu as portas da Educação Superior também à modalidade. Entretanto, o grande número de estudos nacionais sobre o assunto tem feito transparecer uma lacuna na investigação sobre aspectos da vivência e das manifestações culturais especialmente relacionais que se estabelecem em ambientes virtuais de estudos. Parte da lacuna se deve a um receio científico de não se estar em posse do instrumental correto para o trabalho, receio que advém, em boa parte, de um momento de dúvida da academia sobre a natureza cultural das comunidades virtuais: são novas culturas gestadas pelas possibilidades das tecnologias de informação e comunicação (TIC) ou manifestações culturais virtuais adaptadas daquelas já presentes no mundo real? Baseado em trabalhos de ponta sobre o assunto, especialmente no da inglesa Hine (2005 e 2008), que prega adaptações importantes aos princípios tradicionais da pesquisa etnográfica (como os de GEERTZ, 1989) para a investigação cultural virtual, e fundamentado no entendimento das comunidades virtuais como formações societais discursivamente delimitadas, propostas por Mey (2001), este artigo pretende provocar um pouco mais a discussão do assunto propondo que a superação da lacuna observada depende, antes de tudo, de uma atitude (pro)positiva diante do desafio. O artigo, resultado de um esforço epistemológico para construir base metodológica para pesquisas que temos realizado sobre fatores relacionais em ambientes virtuais, também propõe quatro super-categorias de pesquisa que se pretendem mais estáveis para a investigação cultural de grupos no ciberespaço e uma proposta inicial de encaminhamento a pesquisa pelo viés da manifestação linguística, sem intenção de ser uma receita metodológica.

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